13 de dez. de 2010

Trabalho em branco


Entrei na sala de aula, confiante de que teria um 10 naquele trabalho.
Havia me preparado durante toda a madrugada, e sim, sabia tudo.
Meu grupo estava lá, e me daria suporte, o que me deixava bem mais tranquila, afinal, mais cabeças pensam melhor que uma só.

Mas o que eu não esperava aconteceu: O professor me chamou em particular. Foi andando comigo, em direção a porta da sala. Conversava, como quem não quer nada, e, quando ele abriu a porta da sala, uma forte luz inundou minha visão.
Depois que meus olhos se acostumaram com a claridade, pude notar que estava na minha rua, aquela rua não-asfaltada, até hoje calçada com paralelepípedos, aqueles que fazem o carro tremer, e o pé descalço doer.

Como em qualquer sonho meu, esse fato não me causou nenhum espanto.
O professor, careca, e com uma cara cansada e estressada, parou na minha frente e disse:

"-Pode começar"

Fiquei estatelada. Como começar? Começar assim, no meio da rua, sem meu grupo pra me apoiar? Não, não, não ia conseguir. Mas olhando pro professor, vi que ele não mudaria de ideia.
Comecei entao a falar, mas estava perdida, me sentia confusa, e não consegui dizer tudo o que precisava.
O professor, notando a minha confusão, resolveu dar uma "ajudinha", perguntando coisas sobre a matéria, que eu havia estudado há meses atras.
Me dava um branco gigantesco, não sabia sequer do que ele estava falando. Comecei inventar respostas, na tentativa de não fazer feio. Infelizmente, ele nao se mostrou muito convencido.

Disse um "OK" ríspido, virou a esquina e desceu o morro , dizendo um "acompanhe-me" quase imperceptível.

Desci atrás dele, afogada em lágrimas, pensando na noite perdida e nos erros cometidos.


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Recentemente, recebi de presente um "Dicionário dos Sonhos", e, sendo assim, vou tentar usá-lo para traduzir os sonhos postados, e para diferenciar o post da interpretação, vou colocar em negrito ao final de todos os textos.
Inauguremos o dicionário!

Sonhar com:
Rua em mau estado: Ter êxito de suas esperanças no futuro
Ter um professor: Raiva que o deixará constrangido por um motivo insignificante
Um homem que é professor de universidade: Infelicidade nos assuntos amorosos
Ser estudante em seminário: Um amigo falso procura prejudicá-lo

Então, vou brigar com o namorado por que um amigo falso vai inventar uma história insignificante, e vou ficar envergonhada, mas, mesmo assim, vou casar e ter filhos! E seremos felizes para sempre.

10 de ago. de 2010

Longa noite



Era um prédio bem bonito. Uma construção bem elegante e eu estava num elevador. Fiquei com muito sono, como se tivessem injetado um sonífero em minha veia. Não consegui resistir, e dormi, ali mesmo onde estava.

Quando acordei estava em uma cama de hospital, com alguém do meu lado, me observando com uma cara muito feliz. Me perguntei porque a pessoa estaria feliz já que eu estava no hospital. Foi quando a pessoa, de quem eu não consigo me lembrar o rosto, finalmente se manifestou:

“-Graças a Deus!”

Me perguntei o que estaria acontecendo. Não estava muito pra conversa e fiquei olhando a TV. Passava algum noticiário, que falava sobre notícias estranhas. Era como se o mundo tivesse mudado de um dia pro outro, no intervalo de tempo em que eu dormi. Entao, descobri a pergunta certa a se fazer:

“-Quanto tempo eu dormi?”

E a resposta me surpreendeu:

“-Seis meses.”

Fiquei ali, estática. Não sabia muito bem o que havia acontecido, mas senti que havia nascido de novo.

Algum tempo depois eu estava em uma sala escura, com uma luz no centro, como aquelas salas de interrogatório de filmes policiais. Eu estava conversando com uma conhecida, e eu queria contá-la sobre o ocorrido, queria dizer que eu dormi por seis meses e não sabia porque. Mas ela começou a me contar sobre uma doença que ela havia contraído, sobre seu sofrimento, seu tratamento, e seus problemas.

Aquilo me comovia tanto que esqueci completamente o que eu precisava dizer. No fim, minha emoção era grande e a única coisa que pude fazer foi beijá-la.

11 de jul. de 2010

Pega Ladrão!



Estávamos todos em casa: Eu, meus pais, meu irmão e minha cunhada. Meu irmão resolveu sair, ele queria comprar um móvel para sua futura casa nova. Minha mãe não queria ir:

“-Estou desarrumada, eu não vou sair com essa roupa!”

Ela vestia uma bermuda, uma camiseta e chinelos, e estava com o cabelo preso. Meu irmão tanto insistiu, que ela foi. Eu entrei no carro e tirei ele da garagem. Já na rua, passei para o banco de trás, mas me lembrei que estava fazendo algo importante em casa.
Então disse:

“-Acho melhor eu ficar em casa. Tenho que terminar uma coisa.”

Saí do carro e voltei para dentro de casa. Curioso como deixamos a casa escancaradamente aberta. Não trancamos sequer a porta da frente. Pensei: “Ainda bem que não fui.”

Ouvi um barulho de coisas se mexendo. Corri para a porta dos fundos para verificar o que era. No alpendre existia uma área coberta e um quintal descoberto. Os ambientes eram separados por um grande vidro blindado que terminava no telhado. Do lado da área coberta, havia uma porta que dava pra lavanderia, que, pra minha sorte, estava trancada.

Vi 3 garotos. Pareciam ladrões, e me encaravam com cara de malandragem. Aquele tipo de cara que você faz quando quer fazer alguma coisa errada. Eles se aproximavam da divisória de vidro, e eu cagava nas calças de medo deles. Então, tive uma brilhante idéia: Fui na cozinha e peguei duas facas grandes, dessas de churrasco. Fui pra fora, onde estavam os muleques. Fiz uma cara de malvada e comecei a movimentar as facas, encostando-as no vidro, pra fazer medo. Então um a um, eles corriam em minha direção, e quando viam a faca, faziam a volta e corriam na direção contrária. E fizeram isso umas 2 ou 3 vezes, acho que para terem a certeza de que eu ainda estava ali.

2 de jul. de 2010

Bacacos canibais



Boom!

Explodia uma bomba numa sala de um colégio que eu visitava.
Era um grupo de garotos que costumava fazer esse tipo de coisa, bandidagem mesmo. Ouvi eles dizerem que fizeram a bomba com césio (mas sinceramente, nem sei se isso existe). Ouvi cochichos dizendo q era radiativo. Algumas pessoas corriam, outras, pareciam que nem se importavam com tamanha tragédia. Eu nem corria, nem andava. Andava apressadamente, olhando para trás.

Segundos depois começaram a sair criaturas esquisitas daquela sala de aula em destroços. Eram animais peludos, com uma cara medonha, que lembravam macacos, mas com traços de barata(sinceramente nao sei descrever isso de forma que se possa imaginar o que eu vi). Sua boca espumava, como se quisessem comer todos nós. Eu os chamo de Bacacos canibais.
Eu corria, a partir do momento em que vi o primeiro vestígio de pêlo de macaco.

Corria com todas as minhas forças. Olhei para trás, e parecia que todos eles estavam atrás de mim.
-“Ai meu Deus”, pensei, “vou morrer.”

Foi então que senti meus pés saindo do chão. Achei que estava voando, e, de fato, estava. Mas acho que faltava alguma coisa, porque segundos depois voltei ao chão. Então corri ainda mais rápido, os animais horripilantes se aproximavam, e, entao, voei um pouco mais alto. E cada vez que voltava ao chão, colocava mais e mais força nas minhas pernas, até que consegui voar muito alto. Me senti poderosa, capaz de tudo. Senti como se eu fosse uma super heroína, protegendo a mim mesma.

Olhei pra trás, e lá estavam eles, correndo ainda mais rápido atrás de mim. E, então, pra minha surpresa, os desgraçados começaram a voar.
Procurei por algum esconderijo, e, que ódio(ELES SABIAM FALAR!), as criaturas começaram a gritar:

“-Você pode correr, mas não pode se esconder!”

Senti as lágrimas descerem em meu rosto. Pensei que era o fim. Então, do alto, vi um aglomerado de pessoas em um barzinho. Ele se situava numa ilhazinha, e em cada mesa do estabelecimento tinha um sombreiro.
Entao, decidi descer até lá. Por alguns momentos despistei meus perseguidores, me escondendo no meio da multidão. Sabia que não conseguiria me esconder ali por muito tempo, e fui para debaixo de uma mesa. As mesinhas tinham forros que tocavam o chão, e ocultavam tudo abaixo delas.
Ali, sob aquele forro xadrez vermelho, eu sentia que se aproximava um Bacaco. E, como no filme Matilda, me agarrei às pernas da mesa na parte de cima, próximo ao tampo, e deixei meu corpo esticado contra a mesa, longe do chão. Parecia uma agente secreta. De fato, o bicho esquisito me procurou embaixo da mesa, mas, pra minha sorte, não olhou pra cima, onde eu estava. E foi embora.
Fiquei ali por mais alguns instantes, apenas ouvindo os susurros:

“Você pode correr, mas não pode se esconder...”

21 de jun. de 2010

No congresso de pijama



Meu orientador da faculdade me liga:

“-Ana, preciso que você apresente um congresso que apareceu de ultima hora.”

Eu estava de pijama, e, claro, como faz muito sentido, fui do mesmo jeito que estava: de pijama. Lá estava eu, apresentando um congresso não sei de quê, de pijama.

Era um congresso esquisito; tinham pessoas dançando, cantando, apresentando trabalhos científicos, contando piadas; mais parecia um show de talentos. Bom, mas eu nem pensava sobre a esquisitice do congresso. Estava com pressa era de trocar de roupa, porque dali a pouco seria a minha vez de me apresentar, e eu não queria aparecer de pijama na minha apresentação (Como se já não tivessem visto). Pra falar a verdade eu nem sabia direito o que eu ia apresentar. Mas fiz um esforço tremendo para prolongar uma das apresentações para ter mais tempo para me arrumar.

Quando termino de trocar de roupa para ir me apresentar, eu, como mestre de cerimônias, recebi o recado: “Diga que o congresso terá um recesso e voltaremos amanhã pela manhã.”
Obediente que era, dei o recado para o público, que saiu aliviado dali. Parece que aquilo tinha durado horas, e todos estavam cansados. Fui, então, pra casa. E na minha cabeça tudo era uma confusão: me decepcionaria pelo esforço perdido, ou me alegraria pelo tempo extra pra me preparar para o dia seguinte?

14 de jun. de 2010

Peixe ao avesso


Só sei que estava em uma praia, e havia uns pescadores vendendo peixes.

Um deles fazia uma coisa engraçado com os pobres animaizinhos aquáticos. Ele enfiava a mão na boca do bicho segurava o rabo pela parte de dentro e puxava. Com isso virava o peixe ao avesso.

Feito isso ele punha tudo numa bancada e vendia. Não sei porque, mas queria muito experimentar o peixe virado ao avesso. Acho que me disseram que era gostoso.

Fui até o homem, e pedi um. Mas ele não me vendeu.

"- Oia moça, veio um moço hoje de manhã e disse que comprava tudo!"

Eu insisti.

"-Vorta amanhã morena, amanhã eu vou ter de sobra!"

E eu respondi:

"-Tudo bem."

10 de jun. de 2010

Shampoo no elevador


Eu estava no trabalho da minha mãe, fazendo alguma coisa de útil.Uma das meninas que trabalham lá vieram falar com ela, oferecendo um tal de shampoo que também é sabonete líquido. Quando ouvi, como quem não ta prestando atenção mas tá captando tudo,me deu uma vontade louca de usar o tal negócio. Minha mãe acabou comprando o shampoo, e levou pra casa.

Um certo dia eu estava saindo de casa pra ir fazer alguma coisa importante,não me recordo bem o que era. Resolvi pegar um frasquinho do shampoo que minha mãe havia comprado, e também não me pergunte o porque. Coloquei na bolsa e saí.

Fui a um prédio muito grande de vários andares. Ele tinha acabamento externo em pavimento preto, tinha uma fonte de água na frente, um gramadinho com flores, e alguns banquinhos onde casais de namorados cochichavam e riam. Peguei o elevador e subi a um dos últimos andares. O elevador era pequeno, não cabia mais que 8 pessoas, não era muito iluminado, e era feito de metal. Fiz o que eu tinha que fazer, e peguei novamente o elevador para descer. Tava demorando tanto pra chegar ao térreo, eu tava sozinha, e então resolvi me ocupar. Peguei o frasquinho de shampoo da bolsa e comecei a lavar o cabelo! Mas o trem fez um volume de espuma incompatível pro tanto de liquido que havia no frasco. Começou a sujar muito o elevador. Eu fiquei desesperada, não sabia onde enfiar aquela espuma. Só conseguia pensar no sermão que o segurança me daria quando ele visse a bagunça. Quando cheguei ao térreo, fui até a fonte de água que havia na frente do prédio, fiz uma conchinha com a mão e peguei um pouco d’água. Levei até o elevador e comecei a jogar na espuma pra que ela escoasse. Fiz isso diversas vezes até que toda a espuma saísse.

Quando finalizei o trabalho saí do prédio aliviada por não ter que passar por um sermão. Passei pelo gramado e pelos casais de namorados, que me olhavam com uma cara estranhíssima. Estava tão feliz, que nem me lembrei que meu cabelo estava com shampoo por todos os lados.